Alergia à Picada de Inseto – Revista Guia da Farmácia

Escudo contra os insetos

Entenda os cuidados necessários para prevenir o incoveniente das picadas, além das melhores práticas para o uso de repelentes, cuidados com a pele lesionada e como identificar as reações alérgicas.
Autor: Fábio Oliveira
*com contribuição da dermatologista Dra. Lucia Rebello para Revista Guia da Farmácia
O verão está a pleno vapor e, com ele, os temidos insetos ganham destaque.
Embora possam ser apenas um desconforto passageiro para muitos, para outros, suas picadas podem resultar em reações alérgicas graves ou até mesmo em doenças, como a dengue, zika e chikungunya.
Portanto, é essencial saber como orientar os clientes da farmácia quanto à prevenção, ao tratamento e à proteção da saúde contra esses invasores.
Mas, antes de tudo, é importante entender por que o verão pode ser o fator de risco nesse cenário.
A explicação está relacionada ao calor intenso e à alta umidade característicos desta estação.
De acordo com a infectologista do Hospital Sírio-Libanês, Dra. Carla Kobayashi, “o clima quente e as chuvas típicas da estação criam um ambien- te perfeito para a reprodução de muitos insetos, especialmente os mosquitos”.
Além disso, a umidade, por sua vez, facilita a formação de criadouros, principalmente em locais com água parada, como calhas, caixas d’água e piscinas maltratadas.
Segundo alerta a Dra. Carla, as roupas leves também favorecem o acesso desses insetos.
“A pele fica mais exposta e torna-se mais acessível aos mosquitos”, complementa, acrescentando que não são apenas os mosquitos que causam incômodos.
“Borrachudos e formigas também têm presença marcante no verão, com reações, como inchaço e vermelhidão, tanto em adultos quanto em crianças.”
“Doenças como dengue, zika e chikungunya podem culminar em sintomas como febre, dor nas articulações e manchas na pele”
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Dra. Lúcia Rebello
Dermatologista

Alergia à Picada de Inseto

A picada de insetos pode resultar nos mais diversos quadros, de leves a graves.
As reações mais comuns são locais, como vermelhidão, inchaço e coceira, que ocorrem devido à reação do corpo à saliva ou ao veneno do inseto.
A dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Larissa Montanheiro Calimam, explica que as reações mais leves podem ser tratadas com compressas frias e anti-histamínicos. “As reações mais graves, como o inchaço generalizado, podem exigir medicamentos orais ou até corticoides em casos mais sérios.”
O epidemiologista do Fleury Medicina e Saúde, Dr. José Geraldo Leite Ribeiro, alerta para a possibilidade de reações anafiláticas, que são mais raras, mas exigem atenção imediata.
“A anafilaxia é uma reação extrema do sistema imunológico, que pode incluir sintomas como dificuldade para respirar, inchaço na garganta, urticária generalizada e choque”, adverte.
Além disso, o risco de infecções secundárias também deve ser levado em consideração. A coceira excessiva pode causar o rompimento da pele, criando uma porta de entrada para bactérias, resultando em infecções, como impetigo e celulite.
A infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Dra. Lilian Avilla, lembra que evitar coçar a área da picada é fundamental para prevenir complicações – “A higiene adequada também é essencial para evitar infecções.”
alergia à picada de inseto: prevenção

Transmissão de Doenças

As picadas de insetos não causam apenas reações alérgicas, mas também podem ser responsáveis pela transmissão de doenças graves, como as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
“Doenças como dengue, zika e chikungunya podem culminar em sintomas como febre, dor nas articulações e manchas na pele.”, alerta a fundadora da Clínica Lúcia Rebello Dermatologia, Dra. Lúcia Rebello.
A dermatologista do Hospital Felício Rocho, Dra. Mariana Menezes, complementa que outros insetos, como abelhas, vespas e formigas, também representam riscos.
“As picadas de abelhas e vespas são muito doloridas e podem causar reações graves, especialmente em pessoas alérgicas. As formigas de fogo podem gerar bolhas e causar uma forte sensação de ardência”, esclarece.
A farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti, chama a atenção para o risco do Culex, o pernilongo que também é vetor de doenças, como malária e filariose, principalmente em áreas onde o controle sanitário é inadequado.

Cuidados Pós-Picada

Após ser picado por um inseto, algumas medidas são importantes para evitar complicações.
A dermatologista do Hospital Felício Rocho orienta que a primeira delas deve ser a limpeza da área com água e sabão neutro.
“Lavar o local com água e sabão neutro é crucial para evitar infecções secundárias. Evitar coçar é igualmente importante, pois isso pode piorar a situação”, reforça.
Caso a reação seja mais intensa, o uso de compressas frias auxilia a aliviar a coceira e o inchaço. Em casos mais graves, o uso de anti-histamínicos orais pode ser necessário para reduzir a dor e a irritação.
“Se houver sinais de anafilaxia, como dificuldade para respirar, inchaço facial, ou nariz entupido, deve-se procurar atendimento médico imediato”, recomenda o epidemiologista do Fleury Medicina e Saúde.

Repelentes: Esclareça Dúvidas

Acompanhe, a seguir, algumas questões recorrentes que podem surgir no balcão da farmácia sobre o uso de repelentes. Quem responde é a farmacêutica Maria Aparecida.

Os repelentes criam uma barreira sensorial na pele
que dificulta a detecção de compostos, como dióxido de carbono e ácido láctico, essenciais para os mosquitos localizarem seus hospedeiros.

Eles não matam os insetos, mas os afastam por meio da confusão olfativa.

O primeiro passo é seguir as orientações do fabricante. Mas, de modo geral, devem-se evitar áreas sensíveis, não aplicando o produto perto dos olhos, da boca ou em pele irritada.

Outra medida importante é aplicar sobre a pele exposta ou sobre roupas e reaplicar conforme necessário, especialmente após suor ou contato com a água.

Os passos mais importantes são:

  • a limpeza (lavar o local com água e sabão neutro);
  • procurar formas de alívio da coceira (usar compressas frias ou gelo);
  • aplicar loções tópicas (utilizar loções com ação antialér- gica);
  • e ficar atento a reações graves (caso haja dificuldade para respirar ou inchaço, procurar ajuda médica imediatamente).
  • DEET: bloqueia os receptores olfativos dos mosquitos;
  • Icaridina: bloqueia sinais químicos de atração;
  • Óleo de Eucalipto e PMD:confundem os sensores olfativos dos insetos;
  • IR3535: desorienta os mosquitos, promovendo confusão;
  • Crianças: DEET em concentrações menores que 10%, icaridina e IR3535 com concentrações adequadas;
  • Gestantes: DEET e icaridina são seguros em concentrações adequadas;
  • Idosos: DEET (10-30%), icaridina (10-20%) e IR3535 (10-20%).

Para esses grupos, é válido consultar um médico.

  • Sprays e aerossóis: aplicação fácil, ideal para uso externo;
  • Loções e cremes: aplicados manualmente, ótimos para áreas como rosto e pescoço;
  • Difusores e espirais: liberam o repelente gradualmente no ambiente, bons para áreas externas;
  • Repelentes com tomada: eficazes em ambientes internos, mas precisam de ventilação;
  • Velas e incensos: usados para áreas externas pequenas;
  • Pulseiras e adesivos: proteção limitada, complementam outros métodos.

A reaplicação depende das condições ambientais.
Em calor ou umidade, reaplicar conforme as orienta- ções do fabricante.

Aplicar primeiro o protetor solar, seguido pelo repelente para garantir a eficácia de ambos.

Reações podem variar de leves a graves. Caso haja sintomas graves, buscar atendimento médico imediatamente.

  • Óleo de eucalipto: protege por até seis horas;
  • Óleo de citronela: protege por duas a três horas;
  • Óleo de lavanda e tea tree: protegem por uma a três horas;
  • Óleo de neem: protege por duas a quatro horas;
  • Bálsamo de citronela: protege por três a quatro horas.
Matéria publicada na Revista Guia da Farmácia – Fevereiro 2025
Saiba mais no site: https://guiadafarmacia.com.br/

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Dra. Lúcia Rebello – CRM-SP: 126.208 – RQE: 42250