Mitos e verdades sobre o suor
Entenda como a transpiração funciona e de que forma os desodorantes podem ajudar a manter o bem-estar sem gerar dúvidas.
Autor: Fábio Oliveira
*com contribuição da dermatologista Dra. Lucia Rebello para Revista Guia da Farmácia
O suor, tão natural quanto necessário para o corpo humano, é uma resposta fisiológica fundamental para a regulação da temperatura corporal.
Mas enquanto ele faz seu trabalho, a relação com desodorantes ainda é envolta de mitos e mal-entendidos.
Alguns acreditam que o suor é sempre ruim. Outros têm medo de que os desodorantes causem doenças graves, como o câncer. E, por último, há aqueles que pensam que apenas quem transpira em excesso precisa usar desodorantes.
A boa notícia é que, com o esclarecimento correto, pode-se transformar o uso do desodorante em um aliado no dia a dia, sem cair em armadilhas culturais ou científicas mal-interpretadas.
“Mesmo quem não tem suor excessivo, deve usar desodorante para controlar o mau odor.”

Dra. Lúcia Rebello
Dermatologista
Para entender mais sobre o funcionamento do suor e a eficácia dos desodorantes, o Guia da Farmácia ouviu especialistas de diferentes áreas da saúde.
A dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Dra. Isis Veronez Minami, destaca que “a principal função do suor é a regulação da temperatura corpórea. Além disso, ele auxilia na eliminação de toxinas e alguns minerais em excesso”.
Segundo a médica, é importante entender que “suar não é ruim para a saúde, pelo contrário. É fundamental para o equilíbrio térmico do corpo”, reforça a médica, destacando que o suor em excesso, o que é chamado de hiperidrose, pode ser tratado quando causa desconforto.
Outro mito comum é a crença de que os antitranspirantes causam câncer.
“Não há evidências científicas que provem essa relação. Estudos relacionados a esse assunto surgiram a partir de um mal-entendido envolvendo trabalhadores que tinham uma exposição ocupacional ao alumínio, presente em alguns antitranspirantes”, explicou a dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Isso ajuda a desmistificar uma das maiores preocupações dos consumidores.
Ao conversar com a biomédica esteta e especialista em saúde integrativa, Karine Maia, vê-se que “o suor é um mecanismo essencial para a regulação da temperatura do corpo e não deve ser visto como algo prejudicial”.
Ela também alertou sobre o uso excessivo de desodorantes com substâncias químicas.
“O uso de antitranspirantes com alumínio é seguro, mas há quem prefira optar por desodorantes naturais, que, apesar de menos eficazes no controle do suor, não utilizam substâncias que são vistas como disruptores endócrinos.”
A dermatologista do Fleury Medicina e Saúde, Dra. Mayara Rangel, concorda com a explicação da Dra. Karine.
“Apesar de os desodorantes naturais não apresentarem ação antitranspirante, eles funcionam muito bem para muitas pessoas, pois agem na redução do odor e na proliferação bacteriana.”
Ela ainda faz um alerta sobre os ingredientes presentes nos desodorantes convencionais, como o álcool e o triclosan, que podem causar reações alérgicas em pessoas com pele sensível.
“É importante sempre fazer o teste de sensibilidade antes de usar qualquer produto novo”, complementa.
O estresse é outro fator que afeta a produção de suor, o que foi explicado pela dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, Dra. Nádia Aires.
“Quando estamos estressados, o corpo libera hormônios, como a adrenalina, que ativam as glândulas sudoríparas. Esse suor, que vem das glândulas apócrinas, é mais denso e, por isso, pode ter um odor mais forte”, afirmou.
Isso mostra que o suor não é um simples reflexo do calor, mas também de nossos estados emocionais.
“Embora substâncias como o bicarbonato de sódio e óleos essenciais posssam ajudar a controlar o odor sem agredir a pele para algumas pessoas, elas não têm o mesmo efeito antitranspirante dos desodorantes convencionais e sua eficácia pode variar conforme a intensidade do suor.”

Dra. Lúcia Rebello
Dermatologista
Influência Externa
Mas como o calor e a umidade realmente influenciam o odor do suor?
Para a dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Silvia Nobre, “o calor aumenta a produção de suor que, ao entrar em contato com as bactérias presentes na pele, pode gerar odores desagradáveis”.
A dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Larissa Montanheiro Calimam, explica que as reações mais leves podem ser tratadas com compressas frias e anti-histamínicos. “As reações mais graves, como o inchaço generalizado, podem exigir medicamentos orais ou até corticoides em casos mais sérios.”
O epidemiologista do Fleury Medicina e Saúde, Dr. José Geraldo Leite Ribeiro, alerta para a possibilidade de reações anafiláticas, que são mais raras, mas exigem atenção imediata.
“A anafilaxia é uma reação extrema do sistema imunológico, que pode incluir sintomas como dificuldade para respirar, inchaço na garganta, urticária generalizada e choque”, adverte.
Além disso, o risco de infecções secundárias também deve ser levado em consideração. A coceira excessiva pode causar o rompimento da pele, criando uma porta de entrada para bactérias, resultando em infecções, como impetigo e celulite.
Ela reforça, no entanto, que o suor por si só é inodoro; é a ação das bactérias que transformam o suor em um odor característico.
“O uso adequado de desodorantes pode minimizar esses efeitos, mantendo a pele limpa e controlando a proliferação bacteriana”, completou a médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O exercício físico também pode influenciar a quantidade de suor produzido, mas, de acordo com farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti, “quando o corpo se adapta ao exercício físico, a produção de suor tende a se estabilizar, e o suor se torna menos odorífero”.
Isso ocorre porque o corpo se adapta ao aumento da produção de suor, tornando o processo mais eficiente.
A médica do Hospital Sírio-Libanês reforça que, “à medida que envelhecemos, a produção de suor diminui, mas a mudança hormonal pode afetar o odor, principalmente na menopausa”.
Ela alerta sobre a necessidade de escolher desodorantes mais suaves, especialmente para os idosos, cuja pele tende a ser mais sensível e suscetível a irritações.
“O uso de desodorantes deve ser sempre combinado com uma boa higiene, pois só funciona quando aplicado com as axilas limpas e secas.”

Dra. Lúcia Rebello
Dermatologista
Por fim, sobre a eficácia das alternativas naturais aos desodorantes convencionais, a dermatologista Dra. Lúcia Rebello, fundadora da Clínica Lúcia Rebello Dermatologia, mencionou o uso de substâncias como o bicarbonato de sódio e óleos essenciais, como o de coco e lavanda, que podem ajudar a controlar o odor sem agredir a pele.
“Embora essas alternativas funcionem para algumas pessoas, elas não têm o mesmo efeito antitranspirante dos desodorantes convencionais e sua eficácia pode variar conforme a intensidade do suor”, explicou.
“Mesmo quem não tem suor excessivo, deve usar desodorante para controlar o mau odor”, afirmou Dra. Lúcia, explicando que a hiperidrose pode prejudicar a qualidade de vida do indivíduo e que as escolhas devem ser feitas com base em fatores como a eficácia, a sensibilidade da pele e o tipo de suor.
Ela também reforçou que o uso de desodorantes deve ser sempre combinado com uma boa higiene, “pois só funciona quando aplicado com as axilas limpas e secas”, finalizou.
Matéria publicada na Revista Guia da Farmácia – Fevereiro 2025
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